Everland

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Os porcos esventrados estavam pendurados no corrimão. Os sapatos colavam-se ao chão, naquela mistura de sangue e insectos mortos. Pestilento. Corríamos, esperando escapar aquelas figuras temíveis que nos perseguiam. Sabíamos que nos comeriam as vísceras pelo crime que cometemos. Lembrei-me da História do Beco que um amigo costumava contar. Aí o pai do Tomás, surdo, enfrentava um cenário parecido. Subimos as escadas com a velocidade possível. Talvez durante a ascensão fosse possível deixar para trás a sombra, tal qual o Peter Pan. Talvez no cimo da escada fosse possível embarcar para Neverland e deixar para trás aquela atmosfera pesada, medonha. Olhei para ti, já tinhas perdido o "passo inseguro" mas ainda se via o "paraíso no teu olhar". A subida continuou, já se vislumbrava o barco...fomos apanhados. Ninguém nos tocou. Trouxeram-nos de volta aquela coisa mesquinha de onde fugíamos. Estivemos quase lá. Ficámos a saber que o navio estava mesmo lá e o destino era Neverland. Existe mesmo. Fica para a próxima...

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