Diário de Everland – A Cerejeira

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Todas as semanas, olho para a jovem cerejeira com um ar débil e pergunto a mim mesmo. Será que algum dia vai dar cerejas? Será que já secou ou ainda se mantém viva? Observo-a com atenção, mas não encontro a resposta.

The Style Council (outra vez)

terça-feira, 29 de abril de 2008

Só mais uma voltinha no baú. De novo os Style Council (ou Paul Weller que é mais ou menos a mesma coisa). O primeiro video refere-se á participação dos Council no Live Aid em 1985. Walls Come Tumbling Down é um hino á desobediência. Vale a pena tomar contacto. O segundo video é Weller muitos anos depois a recriar uma das melhores canções dos Council: A Man of Great Promise. Sem a pujança dos Style Council mas ainda assim vale a pena. O terceiro e último, refere-se também a uma recriação posterior de My Ever Changing Moods.






Ainda do baú

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Directamente do baú das memórias, duas coisas fabulosas - mais os Lone Justice do que os Guadalcanal Diary que continuo a ouvir regularmente.

Sweet sweet baby (I'm falling) - Lone Justice (atenção á beleza também da voz da Maria McKee)



Litany (Life Goes On) - Guadalcanal Diary

Acorda Homem Morto !!!

quinta-feira, 24 de abril de 2008




E para quem, como eu, gosta de "covers" e acha que o que é Nacional pode ser mesmo muito bom ... aqui fica uma excelente versão deste tema feito por
Maria João e Mário Laginhas

Scarlatini Pseudonimus II

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ok, Ok, mas só a capa mesmo ...

Diário de Everland – Eles andem aí

terça-feira, 22 de abril de 2008

Ouvi dizer que a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) publicou um ccomunicado acerca de um assunto supostamente importante para o país. Ao que parece são essencialmente uns números e uns gráficos acerca do deficit de natalidade em Portugal e umas reivindicações para as famílias numerosas (se bem conheço o argumento, as benfeitoras).
Gráficos e números amigos? Consultem uma qualquer página da web que contenha uns bonequitos sobre o crescimento da população mundial no último século. Depois vejam um boneco sobre o consumo energético (o único recurso que temos – o resto, a riqueza gerada pelo todo poderoso homem é treta de quem nunca percebeu a 1ª lei da Termodinâmica). De seguida, vejam um boneco sobre o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Pois é. A correlação é óbvia não é? Claro que efeito de estufa não existe para a APFN. E se existe, não é nada que uma intervenção divina não resolva. E aumento exponencial da população é exactamente aquilo que o Herói deles supostamente fomentava ("crescei e multiplicai-vos"). Claro que nunca usarão este argumento pois isso seria trazer a discussão para o seu verdadeiro campo. Eles preferem a evangelização dissimulada.

Scarlatini Pseudonimus

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Alex foi um tipo que conheci aos 14 anos na escola secundária. Quis o destino que o contacto se mantivesse até hoje. Fomos para a Fonseca Benevides estudar Electrónica no 10º ano, fizemos o 12º na Cidade Universitária e fomos parar à Faculdade de Ciências nessa coisa fantástica que era o curso de Física. Quando saímos, fundámos juntamente com mais 16 loucos, um clube de Futsal que ainda hoje existe (cada vez com mais pujança) – o Académico Clube de Ciências (há 14 anos o nome parecia-me perfeito mas hoje … vá lá que o nome de guerra é ACC do Lumiar). De modo que ainda hoje aturo o Alex (sorry brother) quase diariamente.
Ao que parece quando chegamos a esta nossa idade temos necessidade de visitar o baú das nossas recordações. O Alex andou no dele e descobriu por lá uma coisa fabulosa para nós os dois. Em 1988 andávamos nós a sofrer com a Análise Matemática II (que versava sobre Cálculo Integral em RN). Sim que Física naquele curso nos primeiros anos, nem vê-la. Eram 2 cálculos por semestre temperados com uma Álgebra ou uma Estatística e uma Análise Numérica de sobremesa. Eram as bases … Bom mas dizia eu que andávamos nós a sofrer com aquilo fechados no quarto do Alex, quando de repente já fartinhos, vai de começar a gravar umas cenas meio alucinadas (talvez mesmo completamente alucinadas). O resultado foi decepcionante. Inaudível mesmo. 22 pedaços de ruído gravados numa cassete que nunca ninguém conseguiu ouvir com algum prazer. 20 anos depois o bom do Alex, lembrou-se de digitalizar aquela coisa toda, retirar algum ruído (algum porque se tirasse tudo, eram 24 longos pedaços de silêncio) e “editar” um CD. Uma edição limitada a 2 exemplares. Um para ele e outro para mim. No domingo de manhã, o Alex aparece num jogo do ACC e diz-me: “epá passei na FNAC e olha o que encontrei”. Já estão a ver. Um CD com uma capa irrepreensível, com uma foto histórica e uma letras brancas e vermelhas a dizer Scarlatini Pseudonimus, o suposto nome da coisa. Na contracapa os títulos das pérolas. Coisas do estilo: Cambodja Head, Anteontem Fui á Vila, Sexo no Oriente, Ó Sónia tira-me a insónia, Afinal a Baubina era preta ou (este é brilhante) Ó Elsa vai á fonte enquanto a bilha não enche. Para mim (e para o Alex) foi um prazer reviver aquelas tardes alucinantes, 20 anos depois.

P. S. – Mesmo com os Scarlatini Pseudonimus pelo meio, acabámos por passar a Análise Matemática II, eu com 15 e o Alex… não faço a mínima ideia, mas deve ter sido uma nota parecida, vá lá saber-sa porquê…

Sol_1

domingo, 20 de abril de 2008

"É com muito amor que eu te mando esta mensagem.
É com muito amor que eu te peço para seres minha para sempre e que me deixes ser teu para sempre.
É com muito amor que eu espero aquele teu beijo gostoso que tanto me faz feliz.
É com muito amor que os meus olhos se encantam nos teus a todo o momento.Com muito amor por ti vivo na esperança de um dia voltar a ser quem era para ti. Esperança que só vai acabar quando morrer.
Beijos com o muito,nosso, amor...*"
e lá fico eu sem saber o que responder................fosga-se para isto

Depois da visita ao baú

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Depois da visita ao baú, uma rápida busca na net por estas 4 fabulosas canções dos The Cure et voilá.

A Night Like This



Push



Pictures of You



A Strange Day

O cão

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O cão arreganhava os dentes pouco simpáticos. As ovelhas, modernaças, com os brincos de plástico das inspecções, fugiam de mim. Fotos só de costas. O pastor insultava a vizinha má rês e contabilizava as despesas das disputas em tribunal. Natureza rude e desconfiada. Cão, ovelhas e pastor todos desconfiados de mim. Eu, urbana, afável a tentar socializar. Que o cão era querido e esperto e espantoso o trabalho que fazia. E as ovelhas que lindas, onde é que elas dormem? E que já tinha visto o Sr. Pastor a vir lá de baixo, lá de cima corrigia ele. E são tosquiadas? Que espectáculo! Aquela da cara preta é diferente das outras. Pois é, dizia o pastor e ria-se. Sorria-se desconfiado. E como é que se chama o cão? Encolheu os ombros e disse... cão. O cão arreganhou os dentes outra vez, as ovelhas tomaram o seu caminho e o pastor foi embora. Até um dia destes.

O truque de sorrir

domingo, 13 de abril de 2008

A semana passada revisitei o meu bau de velhos CD’s. Por lá encontrei um com uma gravação pirata de um concerto dos The Cure. Sábado á noite (ou Domingo de madrugada) a caminho do Alentejo, depois de um dia cheio de Futsal, meti o CD a tocar no carro e fui relembrando velhas canções, mal gravadas. The Funeral Party, A Strange Day, Faith, etc. A certa altura, ouve-se uma voz estranha dizer: "This is called In Between Days". Imediatamente esbocei um enorme sorriso. Podia ter começado a chorar (não seria a primeira vez), mas não. Esbocei um sorriso e ouvi com muito prazer. Minutos mais tarde Just Like Heaven começa assim:

"Show me how you do that trick
The one that makes me scream" she said
"The one that makes me laugh" she said
And threw her arms around my neck
"Show me how you do it
And I promise you I promise that
I'll run away with you
I'll run away with you"


O sorriso cresceu muito, muito. É bom sorrir nestas ocasiões.

O Homem que se foi...a voar

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Desconfio que foste sempre muito melhor do que eu a voar. Lembro-me de ser pequeno e de voar contigo pela Formosa. Adorava aterrar naqueles lodos e enterrar-me até aos joelhos. Depois com aquela enxada… ficávamos pretos mas lá se apanhava o casulo necessário para a pescaria da noite. Doutras vezes o voo era pelas terras do Sr. Manuel (já falei dele aqui). Gostávamos da ribeira, daquela intrigante Casa Branca, contavas-me as histórias de D. Fuas Roupinho. Ás vezes o voo levava-nos á Bemposta. Ainda hoje não tenho a certeza, se uma vez vi ou não um cavalo selvagem no caminho, tal era a fantasia em que conseguias envolver qualquer momento.
Nunca te despediste de mim. Quando me avisaram que estavas pronto para o último voo apressei-me. Quando cheguei ainda lá estavas mas já não falaste comigo. Nesse dia prometi que te manteria por cá até que me fosse possível. Como já escrevi um dia (citando), “um homem vive enquanto alguém se lembrar do seu nome”. Tomei essa como uma das minhas missões. Por isso resolvi deixar aqui algumas histórias dos teus voos. Hoje, no dia em que cumpririas o teu 68º aniversário.

"Voguei na crista da onda
Resisti ao temporal
Dia e noite passei ronda
Aos vultos do areal

Numa busca delirante
Até remei ás avessas
Da nascente até juzante
Fiz sei lá quantas promessas"

(Rio, JC, s/d)

"As mantas de letargia
Buscam-se ao anoitecer
Quando um sonho se extravia
Ninguém sabe onde vai ter"

"Percorri uma longa estrada
De um passado turbulento
Feito de tudo … de nada
E de coisas que eu invento"

"Fiz amor com a loucura
Sem olhar a preconceitos
E até enchi de amargura
Princesas de grandes feitos

Perfume de muitas cores
Tem o vinho dos meus sonhos
Que eu só faço com as flores
De alguns jardins mais risonhos"

(Viagens, JC, 1986)

"Deitei-me e adormeci
Pus-me lá num segundo
Nas rochas de lá esculpi
Desejos do outro mundo

Tive um sonho de saudade
Que quero voltar a ter
Jurei guardar castidade
A qualquer anoitecer"

(Viagem Nocturna, JC, s/d)

"Eu sou aquele
Que ás portas da loucura
Não para de gritar
Bebam!
Bebam ternura
E parem de chorar"

(Aquele, JC, 2003)

A propósito, ias adorar ver isto.

Muros

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Um destes dias ouvi a última aula de um professor universitário americano – parece que é um costume todos os anos haver uma última aula fictícia. Mas neste caso era mesmo a última aula. Ao senhor, de 40 e poucos anos tinha sido diagnosticado um cancro no pâncreas e por isso os seus dias estão contados. A aula é uma lição de vida. Das grandes! Entre as muitas coisas fantásticas que disse, uma chamou-me particularmente a atenção. Dizia o Sr. que quando se constrói um muro para impedir a passagem para um qualquer sítio, na verdade, ele destina-se apenas a impedir a passagem daqueles que na realidade não querem chegar ao lado de lá. Para os outros, aqueles que de facto querem chegar ao outro lado, não é um simples muro que os vai travar. Dá que pensar…

Amar próximo

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O amar próximo deve ser assim: num mapa longe deve ver o que está aqui; na rua deve procurar o próximo com uma bussula. Era uma vez duas serpentes. Uma amava a outra como se deve amar o próximo e a outra também amava aquela, a primeira como deve ser. Tão próximo que quando se enrolavam ficavam uma só, a dever o corpo uma à outra, a cabeça de uma da cauda da outra aproximada a cobrar a divida.

...

Para quem gosta...






http://www.azlyrics.com/lyrics/jeffbuckley/loveryoushouldvecomeover.html

Suicide Note pt. II

terça-feira, 1 de abril de 2008

Out of my mind,
gun up to the mouth
No pretension, execution, live and learn , rape and turn
Fret not family,
nor pre-judged army
This is for me,
and me only, cowards only
Try it


Don't you try to die, like me
It's livid and it's lies and makes graves
Graves descending down

It's not worth the time to try, to replenish a rotting life
I'll end the problem, facing nothing, fuck you off, fuck you all
Tortured history, addict of misery, this exposes me
for weakness is a magnet - watch me do it

Don't you try to die, like me
It's livid and it's lies and makes graves
Graves descending down


Why would you help anyone who doesn't want it,
doesn't need it, doesn't want your shit advice
when a mind's made up to go ahead and die?
What's done is done and gone, so why cry?

Don't you try to die, like me
It's livid and it's lies and makes graves
Graves descending down

Suicide Note pt.II-Pantera

Diário de Everland

"Num mundo decididamente quântico, não se consegue fazer festas a um gatinho, sem lhe partir o pescoço." (G. Gamow)

Diria mesmo que, aqui em Everland, podemos esquecer o quântico e de caminho nem são precisas as festas.