"My Sweetheart the drunk"

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

De tempos a tempos pego na obra de Jeff Buckley e toca de ouvir tudo de empreitada. Muitas vezes seguidas. Na verdade não é muita coisa. Grace, é o único album de originais publicado durante a sua vida. Sketches for my sweetheart the drunk que devia ser só My sweetheart the drunk foi publicado já após a morte de Jeff Buckley. Há mais umas compilações e alguns registos ao vivo, mas o essencial resume-se a isto.
Ouvir Jeff Buckley não é fácil, pelo menos para mim. É preciso estado de espírito. Tudo me transporta para uma melancolia a roçar o desespero. Buckley tem uma doce melancolia que transparece por exemplo numa das melhores canções que alguma vez ouvi (Last Goodbye)

This is our last goodbye
I hate to feel the love between us die
But it's over
Just hear this and then i'll go
You gave me more to live for
More than you'll ever know
This is our last embrace
Must I dream and always see your face
Why can't we overcome this wall
Well, maybe it's just because i didn't know you at all
Last Goodbye – Jeff Buckley


Noutros momentos, a melancolia torna-se inocente, mas igualmente bela, desesperada e ternurenta (Morning Theft)


Meet me tomorrow night
Or any day you want I have no right to wonder
Just how, or when
You know the meaning fits
There's no relief in this
I miss my beautiful friend
I have to send it away
To bring her back again.
Morning Theft – Jeff Buckley

Há momentos alucinantes. Tumultosos mesmo. Os sentimentos misturam-se, a cena ganha velocidade, de repente estamos no fim. Não captámos tudo, temos de voltar atrás e tentar de novo (Vancouver)

This dream you've ridden on
Turns your world to explosions
You need to be alone
To heal this bleeding stone
Now, smell the rain of London it still insists
That we beg for our purity
As if we are pure in the rain of our contentment
As if I can think of this no more.
Vancouver – Jeff Buckley

Mas há também o lado premonitório. Na verdade muita coisa em Jeff Buckley é premonitória. Buckley morreu afogado nas ondas do Mississipi. Um dia apeteceu-lhe mergulhar no rio. Nightmares by the sea parece falar do que estaria para acontecer.


Stay with me under these waves, tonight
Be free for once in your life tonight
Nightmares by the sea – Jeff Buckley


Be free for once in your life tonight. Mesmo que “ser livre” lhe possa ter custado a vida, não deixo de encontrar algum fascínio na ideia. Esta ideia de que, nem que seja por um momento, nada importa a não ser o momento em si, sem consequências, sem a responsabilidade de sonhar, é qualquer coisa que não está ao alcance de todos. Só dos loucos? Talvez. Mesmo assim, be free for once in your life.

0 comentários: